Madeira para a construção naval
As qualidades da madeira necessárias para o uso em construção naval são durabilidade, uniformidade, linearidade e retidão das fibras, força e elasticidade. A boa qualidade da madeira é conhecida visualmente pela uniformidade e profundidade da cor peculiar da espécie escolhida em questão para a construção. Se a cor variar muito do coração da árvore para o fim da circunferência, é provavel que a árvore de onde a madeira foi tirada sofreu de alguma doença. Madeiras de fibras intrincadas e de veios irregulares são difíceis de trabalhar e devem ser rejeitadas especialmente para o uso em peças que sofrerão grandes esforços. Essa disposição irregular das fibras torna a peça fraca estruturalmente devido à falta de continuidade, ou seja, a linearidade das fibras que torna o material forte é interrompida.
Essa disposição intrincada das fibras são frutos prolongamento de ramos ou galhos através da madeira perfeita do tronco da ávore.
Dentre as madeiras resinosas aquelas que tiverem menos resina em seus poros, e dentre as não resinosas, aquelas que tiverem a menor quantidade de seiva, são geralmente as mais fortes e mais duráveis.
A tenacidade da madeira quando tensionada no sentido dos veios depende da tenacidade das fibras, e quando tensionada através dos veios, depende da adesão das fibras umas as outras.
A madeira utilizada para a construção naval deve ser livre de fendas que irradiam do centro, livre de alburnos (a madeira clarinha perto da casca), e livres de fendas que separam as camadas.
- Sobre a curvatura da madeira
As formas curvas exigem que o carpinteiro naval obtenha madeira curvas naturalmente, ou possua o poder de curvá-la.
O processo de curvar artificialmente o material é baseado nas propriedades de penetração na madeira que a água e o calor possuem, tornando-a flexível e macia, e tornando-a adequada para receber a forma necessária que ela manterá após esfriar. Flexionar madeira é um processo que pode ser feito de algumas formas:
1 - Utilizando o calor de um fogo despido.
2 - Através da influência "amaciante" de água fervente.
3 - Vapor
4 - Amaciando a madeira em areia aquecida
5 - Através de vapores em alta pressão.
-O primeiro método de operação só é aplicável para peças de escantilhões pequenos (Dimensões das seções).
-No segundo método, a madeira é imersa em água, que será aquecida até ferver, e é mantida fervente até a madeira estar totalmente saturada e amaciada. Quando é retirada, é imediatamente forçada até a curvatura necessária, e mantida por pregos ou parafusos. Este procedimento possui o defeito de enfraquecer a madeira, e diminuir sua durabilidade. Então, deve ser usado em casos que não requerem alta qualidade de força e durabilidade.
-O terceiro processo submete a madeira à ação de vapor de água em ebulição. Neste caso, é colocada em uma "caixa fechada" sem entrada de ar. A caixa possui uma série de plataformas ou grades onde a madeira é colocada. De uma caldeira convenientemente posicionada, um tubo é levado até a caixa. O vapor age na madeira e com o tempo a deixa macia e flexivel. O tempo deste processo é geralmente uma hora para cada polegada de espessura das "tábuas".
-O quarto método "banha" a madeira com areia quente, transferindo calor e umidade para a mesma. A areia é umedecida com água em ebulição, onde em uma "cama" de areia a madeira é imersa.
-O quinto método só difere do terceiro devido ao aparato utilizado, de forma a acelerar e aumentar a precisão do processo.
Após a madeira ser amaciada de forma apropriada, ela é colocada em um molde com o contorno o qual deve tomar a forma necessária.